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Evidências das Câmaras Temáticas - Centro-Oeste

Publicado: Quarta, 22 de Julho de 2020, 14h51 | Última atualização em Sexta, 05 de Março de 2021, 12h20

Índice de Artigos

 

SOBRE TURISMO E DESENVOLVIMENTO – A MICRORREGIÃO RIO DOCE

Ivana Marques

Renata Morandi

Thais Mozer

Érika Leal

Leandro Lino

  1. Introdução

Desde o segundo semestre de 2020, pesquisadores do Ifes e da Ufes têm se dedicado a estudar as microrregiões do interior capixaba no âmbito do Projeto de Pesquisa “Desenvolvimento Regional Sustentável”. Nossa equipe tem trabalhado especificamente no que se denomina no Projeto – Arranjo 3 – que refere-se às microrregiões Rio Doce e Centro-Oeste. Nestas microrregiões, um dos temas que precisa estar na pauta do desenvolvimento é o turismo.

Passados 07 anos da elaboração do Plano de Governo ES 2030 (2013), em que um dos desejos manifestados pela população da Microrregião Rio Doce dizia respeito ao desenvolvimento das atividades relacionadas ao turismo, os anseios da população pelo desenvolvimento dessas atividades continuam latentes.

O estado do Espírito Santo é atualmente dividido em dez regiões turísticas. Destas dez regiões, a Microrregião Rio Doce tem destaque em duas, sendo elas:

  • Região dos Imigrantes: composta por oito municípios, a região agrega montanhas, rios, cachoeiras e uma história e cultura pautadas pela colonização de imigrantes europeus e seus descendentes. Destacam-se ainda o cultivo de produtos originalmente de climas mais amenos, como uvas, maçãs e morangos, em agricultura familiar que possibilitam a visitação. O agroturismo, ecoturismo, esportes de aventura, a gastronomia, entretenimento e as festas típicas de origem europeia coroam os atrativos turísticos da região. Dos municípios da microrregião Rio Doce, fazem parte da região dos imigrantes: Ibiraçu e João Neiva.

  • Região do Verde e das Águas: composta por seis municípios, a região está localizada no litoral norte capixaba, delineada por riquezas naturais como praias, rios e lagos, com o maior complexo lacustre do sudeste do Brasil, coroado por dunas em frente ao mar e comunidades tradicionais presentes em destaque pelas reservas das tribos Tupiniquins e Guarani. A região abriga ainda reservas biológicas e culturais. Dos municípios da microrregião Rio Doce fazem parte da região do verde e das águas: Aracruz e Linhares.

Esta resenha apresenta a síntese dos atrativos turísticos naturais da Microrregião Rio Doce. Ressalta as potencialidades e os desafios relacionados à contribuição dessas atividades para o desenvolvimento da Microrregião.

  1. Atrativos Naturais

Em termos de atrativos, segundo o glossário do turismo publicado pelo Ministério do Turismo, pode-se classificar como atrativos turísticos “locais, objetos, equipamentos, pessoas, fenômenos, eventos ou manifestações capazes de motivar o deslocamento de pessoas para conhecê-los”. Dessa forma, distribuído sobre o território encontram-se atrativos turísticos como elementos naturais, culturais, atividades econômicas, eventos programados e realizações técnicas, científicas e artísticas (MTur,2007).

Para identificação dos atrativos, neste estudo, foram consultados documentos com base secundária, estando entre eles o Plano Estadual de Turismo, os inventários da oferta turística dos municípios, revistas e demais informações contidas no site da secretaria de turismo, prefeituras municipais e sites especializados.

Na Microrregião Rio Doce a maior parte dos atrativos turísticos são aqueles classificados como culturais, com 59%, Em seguida aparecem os atrativos naturais, com 34%. E, por fim, os atrativos econômicos, que correspondem a 7% do total de atrativos turísticos.

Na análise dos atrativos naturais por município, nota-se que os municípios de Aracruz e Linhares, integrantes da Região do verde e das águas, possuem 66% dos atrativos naturais da microrregião. Tal quantitativo se deve ao fato da presença de uma sequência de belas praias, conhecidas nacionalmente por sua beleza natural e por pertencerem a circuitos musicais, além do destaque para a presença das inúmeras lagoas no município de Linhares.

 Figura1: Atrativos Naturais da Microrregião Rio Doce

figura 1

Fonte: DRS - Ifes, Arranjo 3 (2020).

 

 

Em todos os municípios da Microrregião Rio Doce há presença de atrativos turísticos naturais. Destacam-se os municípios de Aracruz, Linhares e Sooretama que possuem Unidades de Conservação que compõem uma riqueza imensurável na localidade.

Quadro 1: Unidades de Conservação Municipais, Estaduais e Nacionais da microrregião Rio Doce.

MUNICÍPIO

CLASSIFICAÇÃO

DESCRIÇÃO

Aracruz

Unidade de Conservação Nacional

Reserva Biológica de Comboios

Reserva Florestal David Victor Farina

Estação Biologia Marinha André Ruschi.

Unidade de Conservação Municipal

Manguezal do Rio Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim - Reserva Ecológica.

Parque Municipal do Aricanga.

Ibiraçu

Unidade de Conservação Particular

Reserva Particular do Patrimônio Natural do Morro da Vargem

Linhares

Unidade de Conservação Nacional

Reserva Biológica de Comboios

Flona Goytacazes - Floresta Nacional de Goytacazes

Reserva Natural da Vale do Rio Doce

Sooretama

Unidade de Conservação Estadual

Reserva Biológica de Sooretama.

Fonte: DRS – Ifes Arranjo 3 (2020)

 3. Economia do Turismo

Na maioria dos municípios da Microrregião Rio Doce, as ações voltadas para a exploração econômica das atividades turísticas ainda são bastante tímidas.O gráfico 1 apresenta em reais os valores do total da massa de rendimento das atividades características do turismo (ACT), tendo por segmento: alimentação, alojamento, atividades culturais e desportivas, outras atividades características do turismo e transporte e atividades auxiliares dos transportes. Observa-se que há uma certa constância, sem muitas variações, desde o ano de 2012 até 2018. Porém com um pico em 2014, a massa de rendimento embora tenha decrescido em 2015, vem apresentando um ligeiro crescimento. Em 2018, a microrregião totalizou o valor de R$ 5.237.261,00

 

Gráfico 1: Massa de Rendimento (remuneração real de dezembro) (R$) nas Atividades Características do Turismo na Microrregião Rio Doce (2012 a 2018)

 

grafico rendimento

Fonte: RAIS - Ministério da Economia

Nota: ACT's corresponde as atividades características do turismo definidas em http://www.ijsn.es.gov.br/artigos/5522-td-59-a-economia-do-turismo-no-espirito-santo

 

Com relação ao número de trabalhadores formais empregados na economia do turismo, a microrregião Rio Doce apresentou 3.764 empregos em 2018. No gráfico 2, nota-se que entre os anos analisados (2012 a 2018), não há muita variação do número de empregados. 

 Gráfico 2: Estoque de Empregos nas Atividades Características do Turismo (vínculos ativos em 31/12) na Microrregião Rio Doce (2012 a 2018)

grafico estoque

Fonte: RAIS - Ministério da Economia

 

Observou-se que, nas atividades vinculadas, a alimentação (65%) e alojamento (23%) foram as atividades de maior peso neste ano.

 4. Considerações Gerais

O desenvolvimento das atividades turísticas é uma das demandas latentes da microrregião desde a elaboração do Plano de Desenvolvimento ES 2030. Esta resenha sintetizou os potenciais turísticos naturais, bem como alguns dados da economia do turismo da microrregião Rio Doce.

Evidenciou-se a existência de uma riqueza natural e cultural na Microrregião que ainda não está sendo devidamente inserida no contexto do desenvolvimento regional. Para uma vastidão de florestas, praias, lagoas e unidades de conservação existentes na Microrregião, ter registrado menos de 4.000 empregos formais na economia do turismo, sendo a maioria do setor de alimentação, e, uma massa de salários de pouco mais de R$ 5 milhões em 2018, percebe-se que há uma potencialidade ainda não explorada na localidade.

A Microrregião possui atrativos naturais nos seus 06 municípios. Tem condições de fortalecer o turismo de lazer alinhando as belezas naturais com um arrojado plano de incentivo e fortalecimento do turismo religioso, uma vez que possui templos belíssimos espalhados no território, além do Monumento Budista em Ibiraçu.

Seus atrativos naturais também podem ser estrategicamente utilizados para fortalecer o turismo de negócios. O município de Linhares, além ser uma cidade que possui uma centralidade econômica no norte do estado, é conhecida como a cidade Paraíso das Águas, possui 25% das reservas de Mata Atlântica do Espírito Santo e suas lagoas contabilizam 64 unidades, que juntas formam o maior complexo lacustre da Região Sudeste. Negócios e lazer podem ser impulsionados nessa localidade.

Nesse sentido, desenhar políticas para a inserção do turismo nas políticas de desenvolvimento regional extrapolam em muito as fronteiras da Microrregião. No curto prazo, iniciativas voltadas internamente para dotar a microrregião de infraestrutura mínima para receber os turistas e reorganizar as rotas são urgentes. Iniciativas pontuais e espontâneas no sentido de reorganização de algumas rotas podem ser observadas. Verifica-se um movimento no sentido de explorar passeios em Ibiraçu para visitação ao Mosteiro Budista com parada em Santa Teresa, especialmente na Rua do Lazer. Nesse sentido, percebe-se que as ações voltadas ao turismo não se restringem aos municípios da Microrregião.

Roteiros turísticos que envolvem municípios de outros estados, como Minas Gerais, também precisam ser inseridos na pauta de desenvolvimento da região. Há uma beleza natural no percurso da Ferrovia Vitória a Minas que também não está devidamente explorada. Desenhar políticas para a exploração do turismo ao longo das trilhas do trem deve ser feita de forma conjunta com as lideranças políticas e empresariais capixabas e mineiras.

As unidades de conservação da região também apresentam potenciais para o desenvolvimento do turismo de veraneio, ecoturismo, turismo de base comunitária, turismo voltada a prática de esporte e da educação ambiental, mas acima de tudo, seu potencial como polo de turismo científico. As florestas existentes na localidade precisam atrair pesquisadores de todo o mundo. A estruturação de Centro de Pesquisas e Inovação em Biotecnologia poderá se constituir no vetor de inserção não apenas da Microrregião, mas do estado do Espírito Santo de forma diferenciada na economia global. Essas ações serão realizadas sob a liderança de um Estado Empreendedor nos termos de Mazzucato (2014), com participação social. 

*Esta resenha é parte do Diagnóstico do Arranjo 3. Maiores informações sobre o Turismo na Microrregião poderão ser acessadas em breve na versão completa do documento

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